castigos

fui ver o filme 'arraste-me para o inferno', do diretor sam raimi, que retoma a linha trash do início de sua carreira. antes de fazer sucesso com homem-aranha, ele foi diretor do filme 'uma noite alucinante - a morte do demônio' (the evil dead) em 1981.

eu gosto de filmes de terror assim, considerados trash. eles te fazem rir, além de sempre apelarem com exagero para o sangue, as matanças, as gosmas nojentas, os insetos (tem que ter estômago) e, claro, os sustos. mas eu prefiro sustos geniais, não esses em que a trilha sonora aumenta de repente e você se assusta mais com o barulho do que com a cena.

mas a questão aqui é sobre castigos. a mulher do filme, uma bancária, quer ser promovida e, pra isso, toma a decisão de negar um empréstimo a uma velha. então a senhora amaldiçoa a mulher que, em três dias, será arrastada para o inferno. apesar de previsível, o filme é bom, divertido e dinâmico.

tudo bem que ela podia ter ajudado a senhora, mas a velha pegou pesado, não? entregar a alma da mulher para o espírito do mal vir buscar? quem é que está fazendo maldade nessa história?

me lembrei também da história da bela e da fera: uma mendiga bate na porta do castelo pedindo abrigo e o príncipe diz que não pode ajudar. então ela se transforma numa bela fada que diz ele não tinha amor dentro do coração. assim, ele será fera até o dia em que conseguir retribuir o amor de alguém, mas tem que ser antes da rosa mágica perder a última pétala, senão será fera pra sempre.

quem colocaria uma mendiga pra dentro de casa? temos que ter segurança, não dá para abrigar alguém que a gente não conhece. então já pensou se, por causa disso, a gente virasse fera também? não só isso, além de virar um monstro feio, junto vem a responsabilidade de fazer alguém te amar! e a fada ainda fica com fama de boazinha!

imagina se esses castigos valessem pra todo mundo que faz algo ruim? ou o inferno já ia estar lotado ou o mundo ia ter muitas feras andando por aí.