
recentemente vi o filme 'substitutos' (surrogates, 2009), com bruce willis, e não podia deixar de recomendá-lo aqui. essa história de ficção científica dirigida por jonathan mostow (exterminador do futuro 3) à primeira vista é uma mistura de 'eu,robô' com 'matrix'.
num futuro próximo, as pessoas possuem versões robóticas de si mesmas e, conectadas por uma máquina no conforto e segurança de suas casas, controlam pela mente esses 'substitutos' que tomam seu papel na sociedade.
com isso o nível de violência foi reduzido praticamente a zero, assim como intolerância e preconceito, já que qualquer usuário pode operar qualquer andróide com qualquer aparência (numa cena, um homem negro e forte num laboratório tem o crachá com a foto de um cara branco e franzino) e, mesmo que o robô quebre, nada acontece com quem o opera.
a campanha de marketing da empresa responsável, a vsi (virtual self industries), reforça que os substitutos 'combinam a durabilidade da máquina com a graça e beleza do corpo humano, tornando o mundo um lugar melhor onde cada um vive a vida que sempre sonhou, sem riscos'. e completa com o slogan: life... only better (a vida... só que melhor).
os humanos que rejeitam a ideia de substitutos vivem numa área separada da cidade e são guiados por um 'profeta' que prega que 'a vida é para ser vivida e não experimentada através de uma máquina'.
a quebra da rotina ocorre quando um assassino aparece com uma arma que mata não só o andróide, mas também o seu operador, levando o fbi a investigar o caso.
o filme é cheio de sequências bacanas de ação e tem efeitos especiais muito bons. os atores representando os 'surrogates' realmente parecem plásticos e robóticos, com seus corpos muito bem cuidados e perfeitos até demais. como todos escolhem como querem se parecer, nenhum andróide é feio, descuidado, fora de forma ou tem cicatrizes.
ao final do filme, fiquei pensando como hoje em dia a gente também usa 'surrogates'. nós vivemos plugados de certa forma, na segurança de nossas casas. utilizamos nossas melhores fotos para nos representar, às vezes usamos um nome fictício ou apelido e mesmo quem nunca nos viu ou nos ouviu pode nos conhecer através dos textos que escrevemos.
por uma tela a gente interage com o mundo lá fora, com as nossas redes sociais, expressando ideias, modificando comportamentos e sendo afetados por tudo que vemos ou lemos.
a tecnologia dominou nossas vidas e, no que diz respeito a convívio com pessoas, ela conforta, mas não substitui. talvez por isso, pra lembrar o que o faz real, o herói do filme aparece sangrando e sentindo dores em várias cenas.
outro exemplo são os próprios substitutos, impecáveis fisicamente, mas abandonados com um olhar vazio quando seus operadores se desconectam porque precisam chorar. ou seja, até mesmo naquele mundo a 'humanidade' não foi totalmente substituída, pelo menos aquela dentro de cada um de deles.