quinta-feira, 8 de novembro de 2007

shut up and sing

pra quem leu a história das dixie chicks no post anterior, após a polêmica turnê, o grupo começou a escrever as músicas do próximo disco. além de ser uma espécie de terapia para elas, também foi uma forma de colocar para fora tudo que ficou engasgado nessa história toda.

desta vez todas as letras foram escritas por elas mesmas e falam de diversos assuntos: a dificuldade das irmãs emily e martie em engravidarem, o problema de saúde da mãe delas, o estresse do dia-a-dia versus o silêncio que nos acalma, entre outros temas. além de, obviamente, toda a questão envolvendo a declaração sobre o presidente, a guerra, o dilema dos boicotes e tudo que isso gerou para elas.

as filmagens dos bastidores da turnê serviram de base para a criação de um documentário, lançado ano passado, chamado 'shut up and sing' (cala a boca e canta), dirigido por barbara kopple e cecilia peck. o filme é muito bom e mostra tudo que aconteceu desde 2003 quando se iniciou a turnê 'top of the world' até o processo de criação do novo álbum. o slogan do filme teve tudo a ver: 'a liberdade de expressão é boa, desde que você não a exerça em público'.

mas como divulgar um disco sem poder contar com as rádios? uma forte ação de relações públicas aliada a assessoria de imprensa e seu grande (e bravo) empresário simon renshaw ajudaram a alavancar o novo trabalho através de eventos, revistas, tv e internet. e contando com uma excelente equipe, as dixie chicks conseguiram mudar o seu estilo (sem perder as raízes country) e conquistaram um novo público, algo mais pop.

assim foi lançado o álbum 'taking the long way' (tomando o caminho mais longo), que trouxe o single 'the long way around' (que fala dessa mudança de estratégias):

bom, eu lutei com uma estranha e conheci a mim mesma
abri minha boca e ouvi a mim mesma
pode-se ficar muito solitário quando você se revela
acho que poderia ter aliviado um pouco comigo mesma
[...]
e eu estou voltando para a estrada agora
mas estou tomando o caminho mais longo

além do grande sucesso (e desabafo) 'not ready to make nice' (não estou pronta para ser bonzinha).

os fãs que se mantiveram fiéis e deram todo suporte, acolheram muito bem o novo disco. os novos fãs também.

e o resultado disso tudo veio no prêmio grammy 2007, em que elas venceram as 5 categorias para as quais foram indicadas, incluindo 'melhor canção do ano', 'melhor gravação do ano' (ambos com 'not ready to make nice') e 'melhor álbum do ano' ('taking the long way'). no agradecimento, natalie começou dizendo: 'acho que as pessoas estão exercendo o seu direito à liberdade de expressão'.

e foi isso mesmo. realmente esses cinco prêmios foram como um 'cala a boca' para todos que viraram as costas para elas e não acreditaram no seu trabalho. inclusive a indústria do rádio, acusada de banir a banda e questionada no congresso (tem uma passagem sobre isso no filme).

o disco é realmente muito bom, assim como o documentário que eu recomendo. e de uma coisa eu tenho certeza: elas não vão se calar. tomara que tudo isso tenha servido de alguma forma para tornar o país mais democrático. será?

deixo agora o vídeo da canção do ano, acompanhado da tradução da letra. natalie é a vocalista, emily está com a guitarra e martie dando show no violino (obs: a frase que a natalie escreve no quadro durante o clipe significa 'falar sem pensar é atirar sem mirar').



perdoar? parece bom
esquecer? não tenho certeza se poderia
dizem que o tempo cura tudo
mas ainda estou esperando

cansei da dúvida
não há mais nada para entender
eu paguei um preço
e vou continuar pagando

eu não estou pronta para ser boazinha
eu não estou pronta para voltar atrás
estou furiosa como nunca e
não tenho tempo para ficar andando em círculos
é muito tarde para consertar as coisas
eu provavelmente não consertaria se pudesse
porque estou furiosa como nunca
e não posso me forçar a fazer o que você acha que eu deveria

eu sei que você disse
"será que você não pode esquecer isso?"
mudou meu mundo todo de lugar
e eu até que gostei

eu fiz a minha cama e dormi feito um bebê
sem arrependimentos e não me importo em dizer
é uma história muito triste quando uma mãe ensinará sua
filha que ela tem que odiar um completo estranho
e como no mundo podem as palavras que eu disse
levar uma pessoa a esse extremo
que os faria me enviar uma carta
dizendo que seria melhor que eu me calasse e cantasse
ou minha vida estaria acabada

Um comentário:

  1. 'acho que as pessoas estão exercendo o seu direito à liberdade de expressão'.

    Realmente! Que bom!

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